Secret Garden

Me, Myself and I

sexta-feira, setembro 30, 2005

Mafalda Veiga no Casino do Estoril

Só quem lá esteve é que sabe do que vou falar....
Ver Mafalda Veiga a actuar por si só já é uma emoção... mas ver o Casino cheio, ao ponto de ter que
"regatear" um lugar sentada nas escadas é brutal!!!
O calor da noite aliado à entrega do público que acompanhou cada música, cada letra, cada minuto, provocou
uma entrega de arrepiar qualquer um...
Foi, sem dúvida, "uma noite para comemorar", uma noite para não mais esquecer, após 2h30 de sentimentos
cantados, em que as vozes que chamaram pela Mafalda, que regressou 3 vezes ao palco, transformaram aquele
espaço tão sofisticado e, por vezes impessoal, num lugar comum de grupos de amigos, onde as emoções
ficaram à flor da pele...
Se já a admirava pelas músicas que canta, fiquei completamente rendida à simplicidade com que se apresenta, à
magia que proporciona sem que precise de qualquer tipo de artifício à sua pessoa...
Não será a última vez, com certeza, pois os bons momentos são para mais tarde repetir...
Enfim, ADOREI!!!

quinta-feira, setembro 29, 2005

Nobreza humana


Possivelmente você já ouviu ao menos falar sobre os três tenores: - O italiano Luciano Pavarotti, os espanhóis Plácido Domingo e José Carreras.

É possível mesmo que os tenha assistido pela TV, abrilhantando eventos como a Copa do Mundo de futebol.

O que talvez você não saiba é que Plácido Domingo é madrileno e José Carreras é catalão. E há uma grande rivalidade entre madrilenos e catalães.

Plácido e Carreras não fugiram à regra. Em 1984, por questões políticas, tornaram-se inimigos.

Sempre muito requisitados em todo o mundo, ambos faziam constar em seus contratos que só se apresentariam se o desafeto não fosse convidado.

Em 1987, Carreras ganhou um inimigo mais implacável que Plácido Domingo. Foi surpreendido por um terrível diagnóstico de leucemia.

Submeteu-se a vários tratamentos, como auto-transplante de medula óssea e trocas de sangue. Por isso, era obrigado a viajar mensalmente aos Estados Unidos.

Claro que sem condições para trabalhar, e com o alto custo das viagens e do tratamento, logo sua razoável fortuna acabou.

Sem condições financeiras para prosseguir o tratamento, Carreras tomou conhecimento de uma instituição em Madrid, denominada Fundación Hermosa.

Fora criada com a finalidade única de apoiar a recuperação de leucêmicos. Graças ao apoio dessa fundação, ele venceu a doença. E voltou a cantar.

Tornando a receber altos cachês, tratou de se associar à fundação. Foi então que, lendo os estatutos, descobriu que o fundador, maior colaborador e presidente era Plácido Domingo.

Mais do que isso. Descobriu que a fundação fora criada, em princípio, para atender a ele, Carreras. E que Plácido se mantinha no anonimato para não o constranger por ter que aceitar auxílio de um inimigo.

Momento extraordinário, e muito comovente aconteceu durante uma apresentação de Plácido, em Madrid.

De forma imprevista, Carreras interrompeu o evento e se ajoelhou a seus pés.

Pediu-lhe desculpas. Depois, publicamente lhe agradeceu o benefício de seu restabelecimento.

Mais tarde, quando concedia uma entrevista na capital espanhola, uma repórter perguntou a Plácido Domingo por que ele criara a Fundación Hermosa. Afinal, além de beneficiar um inimigo, ele concedera a oportunidade de reviver a um dos poucos artistas que poderiam lhe fazer alguma concorrência.

A resposta de Plácido Domingo foi curta e definitiva: "porque uma voz como essa não se podia perder."

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Fazer o bem sem ostentação é grande mérito.

Ainda mais meritório é ocultar a mão que dá. Constitui marca de grande superioridade moral.

Não saber a mão esquerda o que dá a mão direita é uma imagem que caracteriza admiravelmente esse tipo de benefício.

Quando, ao demais, o benefício tem por objetivo maior atender um eventual desafeto, torna-se ainda mais meritório.

A criatura demonstra, com tal atitude, estar acima do comum da humanidade.

Que essa história não caia no esquecimento. E, tanto quanto possível, nos sirva de inspiração e exemplo.

quarta-feira, setembro 21, 2005

ELOGIO AO AMOR - Miguel Esteves Cardoso

"Quero fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de
verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar
sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é
mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e
das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de
antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo". O amor
passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios.
Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa
variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser
desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O
resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam
"praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do
amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas,
farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi
namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia,
são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá tudo bem,
tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides,
borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já
ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o
desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a
comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não
é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a
pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso
"dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea por sopas e
descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se
vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a
loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É
essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é
para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode.
Tanto faz. É uma questão de azar. O nosso amor não é para nos amar, para
nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de
inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A
"vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um
fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem
tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não
dá para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa
alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe,
não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que
a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e
minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade
pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num
momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por
muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração
guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida,
quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso
amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se
ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver
sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode
ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também".

terça-feira, setembro 20, 2005

O Suficiente

Um bocadinho lamechas, bem sei, mas não deixa de ser verdade...

Há pouco tempo, estava no aeroporto e vi mãe e filha despedindo-se.

Anunciaram a partida, elas abraçaram-se e disse a mãe:

-Eu amo-te filha. Desejo-te o suficiente.

A filha respondeu: * Mãe, nossas vidas juntas tem sido mais do que

suficiente. O seu amor é Tudo o que sempre precisei. Eu também lhe desejo o

suficiente. Elas beijaram-se e a filha partiu.

A mãe passou por mim e encostou-se na parede.

Pude ver o que ela queria e precisava chorar.

Tentei não me intrometer nesse momento, mas ela dirigiu-se a mim, e

perguntou:

* Você já se despediu de alguém sabendo que seria para sempre?

* Já, respondi. Minha senhora, desculpe-me pela pergunta, mas por que é que

foi um adeus para sempre?

* Estou velha e ela vive tão longe daqui. Tenho desafios à minha frente e a

verdade é que a próxima viagem dela para cá será para o meu funeral.

* Quando se estavam a despedir, ouvi-a dizer "Desejo-te o suficiente".

Posso saber o que é que isso significa?

Ela começou a sorrir. É um desejo que tem sido passado de geração em

geração na minha família. Meus pais costumavam dizer isso para toda a

gente. Ela parou por um instante e olhou para o alto como se estivesse a

tentar lembrar-se dos detalhes e sorriu mais ainda.

* Quando dizemos "Desejo-te o suficiente", estámos a desejar uma vida cheia

de coisas boas o suficiente para que a pessoa se ampare nelas.

Então, virando-se para mim, disse, como se estivesse recitando:

* Desejo-lhe sol o suficiente para que continue a ter essa atitude

radiante.

* Desejo-lhe chuva o suficiente para que possa apreciar mais o sol.

* Desejo-lhe felicidade o suficiente para que mantenha o seu espírito

alegre.

* Desejo-lhe dor o suficiente para que as menores alegrias na vida pareçam

muito maiores.

* Desejo-lhe que ganhe o suficiente para satisfazer os seus desejos

materiais.

* Desejo-lhe perdas o suficiente para apreciar tudo que possui.

* Desejo-lhe "olás" em número suficiente para que chegue ao adeus final.

Ela começou então a soluçar e afastou-se.

Dizem que leva um minuto para encontrar uma pessoa especial, uma hora para

apreciá-la, um dia para amá-la, mas uma vida inteira para esquecê-la.

ARRANJE TEMPO PARA VIVER...

... Goza o crescimento dos teus filhos. Só os tens uma vez.

... Faz a viagem que há tanto planeias com a família.

... O trabalho é essencial mas a família é primordial.


EU DESEJO-TE O SUFICIENTE !!!